quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sobre Os Perfumes Das Almas

Uma tinha nome e cheiro de flor. A outra tinha o nome do amanhecer e preferia os frutais e amadeirados. Uma se chamava Jasmin, a outra era Aurora.

Não costumavam se encontrar pelos corredores, mas quando acontecia os olhos viravam imãs. Eram vizinhas e cegas de amor a ponto de não se enxergarem.
Aurora era mulher feita: 32 anos e com vida bem resolvida. Jasmin ainda menina, a ninfeta dos sonhos da primeira. No auge dos 20 anos, sem planos nenhum e uma vida mal levada.

Naquela manhã, antes de tomar o rumo rotineiro, Aurora vasculhou a caixa de correspondências em busca de alguma conta. Logo que abriu a gaveta, sentiu exalar o perfume divino de qualquer coisa doce e terna. Alma feminina. Não entendeu de imediato de onde vinha tal sabor até se deparar com ele: um envelope vermelho sem nome, sobrenome ou endereço. Perfumado como os longos cachos da moça do apartamento ao lado. Aurora o pegou nas mãos e mais uma vez inalou aquilo que não sabia nomear, mas que a deixava de pernas bambas.

Esperou até chegar em casa. Ela adora sofrer a espera e surpreender-se com o que virá e, por isso, resolveu ir ao trabalho primeiro, voltou. O aroma já havia tomado conta do carro, da bolsa, das roupas e dela. Subiu correndo, tomou um banho e, ainda nua, deitou-se na cama. Pegou o envelope nas mãos e o abriu. Dentro, sucinta, uma frase apenas resumia o que Aurora precisava saber: a cada dia que me devoras com olhar, exalo meu perfume de dama.

5 comentários:

John disse...

Há alguma forma de exaltar mais a sua escrita?

De qualquer forma; um texto provocante a tentador p'ra adicionar à minha coleção de favoritos. Ah, se a vida fosse toda assim...

Anônimo disse...

Só visualiza a cena: Mariana babando com os olhos brilhando em frente a tela do computador.

Pronto, a imagem já derrama todos os elogios.

Silly disse...

mto foda....

Marília Alves disse...

Lindo.

Mas, às vezes, sinto que te perco. Dias e noites na tua ausência: não me faz bem. Volta?

aluah disse...

volta a escrever...