Foi chegada a hora, os nós se fizeram maiores do que nós e ficamos para trás, fracas de munição com tanta gente atirando as pedras. A culpa é nossa. A culpa é minha.Hoje eu acordei sem você. Acordei com a sua voz, corri para te ver mas não encontrei a chave da porta. Olhei pela janela cheia de grades e te vi indo, degrau por degrau, cheia de malas. Ambas dentro delas. Não dormi mais.
Eu queria chorar, mas de tanta tristeza me pareceu impossível. Eu forcei o riso, sem justificativa. Eu não quis procurar ninguém, não sinto vontade de ninguém.
Faltava 11 dias. Onze malditos dias para os nove que seriam a eternidade. Eu te amei, tu me amou. Nós nos amamos aqui, agora, presente. Eu te amo, meu presente. Eu te amo no futuro.
Cansada, exausta. E é mais fácil isso do que a chuva que não pára de cair, escorrendo com gosto pelo chão, molhando a mobília e as gatas. São as minhas lágrimas. Enxurradas de lágrimas salgando a carne do povo na rua, melando os cabelos das moças que te desejam, molhando os meus cabelos.
Não comi, não bebi, não ouvi, não vivi. Amanhã, quem sabe? Vivo nessa procrastinação eterna que me adia a vida e o amor. Eu te amo.
Tomei um banho e me sequei com a tua toalha, ainda úmida da tua essencia, com teu cheiro. Peguei tua blusa deixada na cama e inalei o teu perfume até que eu comecei a exala-lo. Não sinto sono, apenas vontade de ver um filme ao teu lado, sem mundo nenhum, pressão nenhuma, palavra alguma.
O meu desejo de ano novo: que no mundo só existamos eu e tu, amor. Um dia... um dia.