terça-feira, 10 de novembro de 2009

Espinho Não Machuca a Flor

Certa madrugada, após uma noite gorda de insônia e um filme de arrepiar os fios que ligam minh'alma ao meu corpo, resolvi pegar o meu caderno verde de melancias e flores e escrever alguma coisa sobre o que eu penso... sobre o que eu penso da minha escrita, dos meus textos, e uma parte, embora subliminar, da minha vida.
Rompi meu trato de criar e resolvi transcrever. Já não sou mais aquela que faltava com as palavras e por isso abandonava tudo. Sou a que força as palavras a virem, mesmo preguiçosas, para me darem o alívio que preciso. Alívio, alívio, alívio. Que me faz querer continuar com esse fio. Que me faz não querer cortar a veia em si, mas só fazer leves cortes em lugares que não alteram em nada a minha saúde física e me curam a psicológica. Como? Transferindo dores.
Então, agora, aí vai o que eu escrevi estando dopada de alprazolan e rivotril (e seja o que Deus quiser):

Sempre quis escrever contos, crônicas, textos em geral que fizessem com que as pessoas se identificassem, de certa forma, comigo. Queria isso porque, em certos aspectos, nos textos de alguns autores, me encontro. Mas por que? Pra que? Pra que não se sintam tão sozinhas no mundo como eu?
Logo após pensar isso percebi que de jeito nenhum gostaria que alguém se identificasse com um texto que saísse literalmente da minha vida, porque assim essa pessoa seria mais uma, só mais uma pessoa que não sabe quem é. E não saber quem se é é triste e eu não quero ninguém triste. Por isso resolvi que esse é meu último texto assim, cabisbaixo, infeliz. Os que virem com lágrimas de decepção, desilusão e tristeza, ficarão no papel. Os felizes e cômicos virão para vocês com todo amor, dedicação e carinho que tenho em mim.

Nenhuma dor é tão doce como a minha. Nenhum sangue é tão escarlate quanto o meu. E nenhuma, nenhuma lágrima tão prateada e agridoce quanto as que marejam e gotejam em prantos dos meus olhos.
Quando me fizeram, colocaram em minhas veias botões de rosas. Por eu ser pequena, eram apenas botõezinhos... hoje são rosas enormes, vermelhas de um encarnado profundo que ninguém jamais viu tão intenso.
Porém cada rosa, por ser rosa, tem suas defesas. E em cada uma dessas milhares que carrego em mim, vem junto outros milhares de espinhos que me doem, que me ferem e me perfuram a alma e a pele.
Meu jardim plantado nas veias, essas verdes quase azuladas que transparecem na pele quase porcelana, tem gosto de cobre. Metal pesado, qualquer coisa que não acabe fácil.
Eu me firo na esperança de expelir os espinhos que não machucam minhas rosas, mas sim o meu ser. E embora eles sejam traiçoeiros deste modo, as flores que deles são donas, quando colocadas a mostra em cortes, exalam o perfume de vida que corre em mim.

Mas... e se a flor fosse eu? Também tenho meus espinhos que me salvam de toques sem amor.

(perdão os erros e repetições. não irei reler para corrigi-los)

B.

Um comentário:

aluah disse...

menos mal que estavas dopada de alprazolan e rivotril, não me deixes sem ler algo sobre ti :(



e, mesmo dopada, escreves magnificamente bem!



tua leitora de sempre e pra sempre assim,
h.